quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Na cafeteria


MESA 1:

Casal entra na cafeteria. Rostos felizes, olhares amorosos e delicados. Troca de palavras doces e gentilezas. O dia de domingo alvorecia e o clima de início de relacionamento pairava no ar. Na mesa, a garçonete entrega o cardápio e pergunta o pedido de cada um. A namorada, que antes aparentava ser calma torna-se um leão em ponto de ataque. Chateia-se, fica ‘trombuda’. Olha o namorado com cara feia. Encara a outra moça com olhos fuzilantes. Faz birra. O casal resolve ir embora.

MESA 2:

16 horas. Já fazia exatamente duas horas que Gabriel encontrava-se na cafeteria com o celular nas mãos. A inquietude o dominava e tudo o que o jovem fazia era conferir sua pasta de mensagens e tomar inúmeros copos de café. Patrícia não dava sinal de vida há dois dias e isso tinha feito com que ele desenvolvesse uma insônia persistente. As olheiras, instaladas por debaixo de seus olhos, não pareciam de apenas dois dias. Provavelmente ele era mais um daqueles namorados inseguros e impacientes que tanto afastavam suas amadas.

MESA 3:

Janeiro de 2009. Joaquim passa no tão sonhado vestibular para Medicina. A felicidade contagia a todos. Sorrisos, lágrimas, animação tomavam conta do garoto, de 18 anos.
Fevereiro de 2009. Férias acabadas, malas prontas, hora de partir para o interior de um estado próximo - era onde sua faculdade localizava-se. A festa de despedida estava organizada para aquela tarde. Amigos, familiares, namorada, todos estariam lá para dar boa sorte no novo caminho a ser percorrido pelo jovem. E passou-se uma, duas, três, QUATRO horas. Já estava no horário do ônibus de Joaquim sair, e nada de Bia chegar. Mal sabia ele que ela o observava - desde muito cedo - de uma mesa no fim do corredor. A fisionomia da moça era de muita tristeza. Ela sabia que ele ligaria todos os dias e que viria com freqüência visitá-la nos finais de semana e feriados. Todavia, Beatriz não acreditava em relacionamento à distância.
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Aqui estou eu, com meus quase 30 anos completados, parada com caneta e papel na mão. Vários acontecimentos são desencadeados próximos ao meu campo de visão. Um gato passa por debaixo da mesa. Uma criança brinca feliz no colo da mãe. Um passarinho bate, insistentemente, na janela lateral da cafeteria. Os funcionários recebem seus salários de final de mês. Um carro barulhento passa lá fora... Entretanto, meu olhar se concentra nessas três mesas. O que me chamou a atenção? O poder que o ciúme e a insegurança podem exercer na vida das pessoas.
Como a vida seria bem mais simples se as pessoas não gostassem tanto de complicá-las não é?! Talvez o que esteja faltando em todos nós é guardarmos esses sentimentos em uma caixinha no fundo do baú e sair por aí, deixando o vento nos levar pelo mar da CONFIANÇA. Talvez assim – e somente assim – a vida seja mais simples e os relacionamentos mais duradouros e felizes. Afinal:

- Confiar, é esse o segredo. De tudo, talvez.

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